Sei que o Verdão é o líder do Brasileirão, mas quero falar de outra coisa agora. No fim, tem a ver com o Verdão, que é líder do Brasileirão, pois vou falar sobre uma forma de ver os clubes que disputam uma competição de pontos corridos.
Quero fazer uma metáfora sobre a disputa do Brasileirão. No Fantástico, o Tadeu Schmidt apresenta a metáfora da corrida de cavalos para representar a corrida dos clubes pelo caneco. Uma boa metáfora, mas simplesinha. Uma outra, que acho melhor, é a que ouvi no Estádio 97. O Sombra compara a disputa do Brasileirão a uma corrida de Fórmula 1, onde cada volta da corrida é uma rodada da competição. Por exemplo, nesta última rodada, o Palmeiras fez uma volta melhor que o São Paulo, ganhamos 2 segundos de vantagem, ou melhor dizendo, ganhamos 2 pontos de diferença em relação ao nosso adversário imediato. Pois bem, eu quero expandir essa metáfora, pois a acho perfeita para ilustrarmos como um clube deve se preparar para disputar um campeonato de pontos corridos.
Consideremos, então, a competição de pontos corridos como uma corrida de Fórmula 1. Logo, o campeão será aquele que chegar primeiro ao final da última volta. Em miúdos, quem fizer mais pontos até o final do campeonato. Se a disputa é uma corrida de F1, com o que compararemos os carros, nessa nossa ilustração? Fácil. Os carros são os jogadores, onde cada jogador é uma parte diferente do carro, cada um com suas características, distintas uma dos outros, exercendo funções específicas, e devendo funcionar em perfeita harmonia pelo objetivo de fazer o carro correr o traçado da pista o mais rápido possível. Sendo o carro os jogadores, fica fácil de enxergar o piloto como o técnico do time, pois ele é o responsável por guiar o carro pelo circuito. Na F1, o piloto define quais os melhores ajustes aerodinâmicos para correr uma determinada pista, o quanto de combustível o carro iniciará a corrida, em quais voltas acontecerão os pit stops, qual a estratégia de condução do carro. Da mesma forma, o técnico é o responsável pelo elenco. Ele escala os jogadores para cada partida, define o esquema tático de jogo, comanda os treinamentos, trabalha pela evolução técnica e física dos jogadores. Continuando a ilustração, temos as escuderias como os clubes, sendo o board de cada escuderia, como vulgarmente chamamos, a diretoria, que trabalha para garantir que o projeto de design do carro seja executado, que contrata os mecânicos e projetistas e, por fim, escolhe o piloto que irá conduzir o seu carro.
Vendo a disputa pelo Brasileirão desta forma, eu concordo com o nosso piloto Muricy Ramalho, quando diz que o técnico é responsável por 20% pelo sucesso ou fracasso de um time. Os demais 80% são de responsabilidade dos jogadores, pois eles são os carros que estão lá na pista correndo para chegar em primeiro no final da corrida. Se o carro não for bom, se tiver pneus que desgatam demais, ou se tiver um motor menos potente ou que gaste muito combustível, ou se tiver uma suspensão não confiável, você pode botar o Michael Schumacher no cockpit da Super Aguri que não conseguirá fazer com que o carro vença qualquer corrida. Em contrapartida, vimos o Luca Badoer na Ferrari e vimos o vexame que foi a sua performance nas duas corridas em que substituiu o Felipe Massa nesta temporada. Passando para o nosso mundo, não adianta botar o Luxemburgo no banco do Fluminense que aquele time não tem jeito de chegar à Libertadores, assim como é muito temerário dar o comando do nosso Verdão a um Caio Júnior da vida. Para dirigir a nossa poderosa e tradicional máquina tem que ser um piloto de pulso e fibra, que não vai tremer quando estiver sentado ao volante.
Assim, podemos perceber quais as chaves para abrir as portas do sucesso num campeonato de pontos corridos. Percebemos que o mais importante são os jogadores, ou seja, a montagem de um bom elenco, a seguir, vem o perfil do comandante e, por fim, a estrutura física e de profissionais que dá suporte ao time. Assim, concluimos, já que falamos do Campeonato Brasileiro, que o segredo do sucesso do São Paulo nas últimas três temporadas se deveu principalmente ao seu elenco de jogadores e ao Muricy, e não somente à estrutura do clube, como tenho ouvido na mídia por aí. Sem os jogadores que lá estiveram e estão, o São Paulo não seria campeão nem do campeonato de várzea entre os times da Zona Leste, região paulistana onde cresci. Não adianta ter o Ross Brawn na direção e todo os recursos do mundo para projetar um carro, se os melhores profissionais não forem contratados, se as peças adequadas não forem utilizada na montagem do carro e se o melhor piloto não for contratado. Não adianta ficarem arrotando por aí a superioridade e eficiência da estrutura são paulina, se os jogadores do elenco forem o do Náutico e se o comandante do time for o Cuca. Aliás, eu estou morrendo de vontade ver a cara desses caras caso o São Paulo não seja o tetracampeão brasileiro.
Morrendo de vontade, não. Estou torcendo e enfartando a cada volta da nossa Imponente máquina Alviverde. Desta vez, o nosso chefe-de-equipe Belluzzo tem acertado em tudo. Contratou um bom elenco, com jogadores talentosos e com alto poder de decidir jogos, contratou o melhor técnico do futebol brasileiro e não deixou nenhum jogador sair nessa última janela de transferências. Ou seja, estamos com o melhor carro e o melhor piloto, não à toa, estamos liderando o pelotão.