terça-feira, março 17, 2009

Nenhum problema. Nenhum!

Sou obrigado a fazer este post.

 

Acabei de saber que o maior jogador da história palmeirense, Ademir da Guia, o Divino, filho do Mestre Domingo da Guia, posou para fotos com a camisa do São Paulo, ao lado do dirigente são-paulino Marco Aurélio Cunha.

 

É, isso mesmo. Sábado passado, Ademir da Guia foi a uma confraternização dos vereadores paulistanos no centro de treinamento do São Paulo em Cotia, bateu uma bolinha, almoçou, e tirou umas fotos com o restante dos convidados com a camisa 10 tricolor.

 

Pergunto: e daí? Sim, e daí?

 

Sim, pergunto, porque tenho visto muito palmeirense surtando por aí, espumando pela boca, achincalhando nosso Divino, pregando que se derrubem seu busto da Sociedade Esportiva Palmeiras.

 

Pelo amor de Deus!

 

Eu não vi uma única partida de Ademir da Guia com o manto alviverde. Quando ele parou de jogar eu ainda não havia nascido. Mas como apaixonado pelo Palmeiras, conheço sua história e sempre serei eternamente grato por tudo o que ele fez pelo meu time do coração.

 

Um tempo atrás, assisti ao "O Divino", filme bibliográfico sobre sua trajetória futebolística. Estou guardando para um post especial minhas impressões sobre o filme. O que posso dizer sobre o filme, por ora, é que, hoje, eu entendo a Turma do Amendoim. Quem viu a Academia jogar, quem viu Ademir maestrando aquela maravilha de jogar futebol, não pode mesmo se contentar com qualquer um jogando e vestindo o nosso manto sagrado.

 

Portanto, meus caros palestrinos que estão soltando fogo pelas ventas por conta desta última, ponham a mão na consciência! O que tem a ver odiar o Ademir? Ele foi contratado para jogar no São Paulo? Ele vai ganhar algum título para o São Paulo? Ele vai ganhar alguma partida para o São Paulo? Ele vai marcar algum gol pelo São Paulo? Ele vai dar assistências ao Washington ou qualquer outro jogador são-paulino para marcar algum gol?

 

Não vale a pena nem odiar o Marco Aurélio Cunha, idealizador do evento, por ter feito o Divino tirar fotos vestido com a camisa do nosso rival. Se Cunha teve todas as más intenções do mundo, por isso mesmo que não devemos aceitar a provocação. No entanto, eu não vejo mal nenhum nisso. E mais, qual será o problema se amanhã o Pedro Rocha for à Academia de Futebol e vestir a 10 alviverde?

 

Nenhum problema. Nenhum!

 

segunda-feira, março 16, 2009

Sobre as carteirinhas stalinistas

O texto de hoje vai fugir um pouco do tema do blog. Eu queria muito falar sobre o último clássico, o gol do Ronaldo nos descontos e toda a bajulação da mídia nunca antes assistida, mas tem sido muito difícil fazer sobrar um tempinho para escrever algumas linhas neste espaço. Quando sobra, o assunto já esfriou, e como sempre há muitos outros em efervescência, requentar comida azeda pode dar uma baita dor de barriga... Por isso hoje vou falar sobre o assunto que tomei conhecimento sábado passado, quando cometia meu péssimo hábito de ler a Folha de São Paulo: o cadastramento de torcedores.

 

Abro o jornal na seção opinativa e me deparo com o seguinte título: "O stalinismo no futebol". Era a coluna do Fernando Rodrigues, respeitável jornalista sediado em Brasília. Vamos ler para saber o que seria esse futebol stalinista. Descubro, então, que o governo pretende permitir a entrada somente de torcedores previamente identificados em eventos esportivos, a partir de 2010. Vejam como é a cabeça da gente. Como estava com Stálin na cabeça, já pensei, nossa, que desgraça, vai ser um saco ir a estádios de futebol! Após ter lido todo o artigo, ponderei, peraí Ivo, você acabou de ler um artigo da Folha, da Folha! Então li uma segunda vez.

 

É que a turma que escreve ali na página A2 da Folha tem o (não vou arriscar a julgar que seja péssimo) hábito de defenestrar qualquer movimento do governo Lula. Extraindo todos os artifícios de agredir o governo, tais como aludir que o Ministro dos Esportes é do PC do B, partido que se inspirava na Albânia, que identificar gente com carteirinha é coisa da UNE, que, no passado, era na União Soviética que se fazia uso de autorizações para andar para lá ou para cá, e etc. e etc, os argumentos válidos do texto eram que para combater o problema da violência nos estádios, a solução proposta era o cerceamento da liberdade de ir e vir dos cidadãos. Só que cercear o ir e vir de cidadãos não é privilégio do governo de Stálin. Bush Júnior atacou a liberdade de muita gente depois do 11/09... A fórmula proposta é tão antiga quanto andar para frente. Para se obter segurança, retira-se a liberdade. Oras, a existência de estados é a maior evidência desta "lei natural" que acabei de citar. Thomas Hobbes não me deixa mentir.

 

Como era sábado e o jogo do Verdão só passaria no Premier Futebol Clube, fui à padaria do meu bairro, que tem esse tal de PFC e transmite todos os jogos ali passados. Luís, meu companheiro palestrino de balcão de padaria também estava lá e, ao me ver, veio logo comentando:

 

- Agora sim o problema da violência vai ser resolvido! Só vai ao estádio quem tiver carteirinha, quero ver essa turma ter peito pra fazer arruaça!

 

- Você acha mesmo, Luís? Você não acha que essa medida é como implantar o stalinismo no futebol brasileiro?

 

- Implantar stalin... o quê? Você ta falando inglês comigo, Ivo?

 

Meu amigo Luís não é daquelas pessoas sofisticadas, que já teve contato com obras político-filosóficas ou estudos mais aprofundados da História mundial e que, por sua vez, fica a perder tempo com leitura de jornalões.

 

- Ahn... Você não acha que precisar de uma carteirinha para ir assistir jogo não seria um estorvo?

 

- Um estorvo?! Mas por que seria, se não vai custar nada para o torcedor de bem e se servirá para ajudar a polícia combater os vândalos?

 

- É que ser obrigado a ter uma carteirinha para ir a algum lugar é algo que fere a nossa liberdade de ir e vir.

 

- Mas a violência já fere essa liberdade de ir e vir.

 

Dei-me por vencido. Tentei esgrimar com a espada sempre empunhada pela grande mídia, mas a técnica de combate do cidadão comum foi superior. Tentei defender os enviesados argumentos de Rodrigues, mas fracassei. Para que não me acusem de lulista gratuitamente, declaro que não gosto da idéia de ser obrigado a adquirir uma carteirinha para poder ir ao estádio. Mas não porque acho isso o stalinismo no futebol brasileiro, e sim porque considero essa uma medida muito burocrática e muito pouco eficaz. Duvido que o fato de um indivíduo ter seus dados cadastrados num banco de dados federal vai, conseqüentemente, provocar punições naqueles que provocarem tumultos nos jogos por aí. Mas pode ser que eu esteja enganado. Pode ser que essas carteirinhas ajudem a punir os vândalos e a contribuir para a diminuição da violência nos estádios. E sendo assim, quem sou eu para ficar fazendo elucubrações intelectuais duvidosas, apenas para marcar posição de oposicionista do governo?

 

quarta-feira, março 04, 2009

Uma análise pós-catástrofe

Falar o que aconteceu depois que aconteceu é o óbvio. Assim como falar é muito mais fácil do que fazer. Mas fazer o quê se, a nós, loucos torcedores, é só o que nos resta?

 

Keirrison criticou a postura ofensiva do time, que optou por jogadas aéreas ao invés das pelo chão, características do time na temporada. Pode ser que ela tenha razão, mas qual teria sido a razão dessa mudança de postura?

 

Eu não sei se o problema foi a mudança de postura ofensiva, mas eu sei que o problema foi a escalação de Marcão, logo de início, na ala-esquerda. No 3-5-2, desde o início do ano, o Palmeiras tem jogado com dois alas velozes, que apóiam constantemente o ataque. Este não é o perfil de Marcão. Para mim, ficou nítida sensação de perdição do time em campo. Durante o primeiro tempo, houve tentativas de jogar pela esquerda, mas o que houve mesmo foi a inapetência de Marcão em avançar com velocidade e qualidade por aquele lado. E pela direita nada houve, uma vez que Fabinho Capixaba tremeu, sentiu o peso da camisa e da competição. Mas tudo bem. Trata-se de um jogador jovem. Para tudo tem uma primeira vez. Não vou aqui crucificá-lo, mesmo confessando que não sou fã de seu futebol. Mas não foi por causa de seu comportamento nervoso em campo que o time perdeu.

 

O time perdeu foi por que o time inteiro tremeu. Salvo Pierre e Keirrison, que queria jogar, mas a bola não chegava, todos estavam irreconhecíveis. Diego Souza resolveu acordar somente no meio do segundo tempo, assim como Cleiton Xavier. E quanto às jogadas pela esquerda, pareceu que Luxemburgo percebeu o erro, e trocou Marcão por Jéferson, mas este, também entrou com um peso enorme nas costas.

 

Tudo isto, mais os erros de marcação nos dois primeiros gols do Colo Colo, deu no que deu. Verdão perigando ficar de fora dos mata-mata. Nossa situação é delicadíssima. Temos que ganhar os demais quatro jogos, assim, garantiremos a vaga com 100% de chances. Eu ainda acredito que dá.

 

Mancha Alviverde e Luxemburgo

 

Não sei o que foi pior. A Mancha fazendo corinho contra Luxemburgo ou o técnico respondendo com críticas aos desempenhos da torcida no Carnaval. Confesso que não compreendo porque a Mancha resolveu perseguir Luxemburgo nos últimos tempos. Para mim, isso é dar tiro no pé, é praticar fogo-amigo. Por bem ou por mal, Luxemburgo é o técnico mais adequado ao Palmeiras atualmente. Não adianta tira-lo para pôr um Cuca ou Caio Jr da vida. Técnico do Verdão tem que ser alguém com renome, que imponha respeito. Tem que ser um Felipão ou Muricy. Dá pra trazer o Felipão? Dá pra tirar o Muricy do São Paulo? Então, Mancha, vamos pensar no Palmeiras! Por ora, nosso técnico é o Luxemburgo! Quando seu contrato expirar, veremos o que acontece, mas por enquanto, nosso time precisa de apoio e não de críticas. Ainda estamos com chances de vencer todos os campeonatos, portanto, vamos acreditar nesse time, pois é nítido que ele tem potencial!