sexta-feira, maio 15, 2009

Um texto do coração

Este ano não está sendo como 2005 e 2006 – as últimas duas vezes que disputamos a Libertadores. Naqueles anos, eu torci, fé no Verdão sempre, mas dava para sentir que o time não tinha condições de avançar. E sendo barrado pelo São Paulo, nas duas vezes, doeu bastante. Mas este ano está sendo diferente.

 

Não há dúvidas de que o time não é aquele supertime. Não é um verdadeiro esquadrão, como o de 1993/94 ou de 1996. Também não é aquele time frio e aguerrido, como o de 1999, do Felipão. É um time sui generis. Até para um Luxemburgo, é um time totalmente diferente de qualquer outro que ele tenha treinado. Eu explico. Este time é um time jovem, muitas vezes inexperiente, mas é um time com coração, que joga com raça, e que está aprendendo a ter os nervos de aço – aqueles nervos que são imprescindíveis para jogar no Palmeiras! E além de tudo isso, o time está sabendo jogar uma Libertadores. O time está aprendendo a manter uma retranca quando é necessário. O time aprendeu a esperar o momento certo para partir para cima, como no jogo contra o Colo Colo – ah, que jogo! Essa característica é inédita nos times do Luxemburgo. Lembram dos mata-matas perdidos e tão sofridos, mesmo tendo times superiores? O Luxemburgo está aprendendo a jogar mata-mata! Ele que já disse uma vez que nunca mudaria o jeito de jogar para ganhar a Libertadores. Acho que mudou de ideia...

 

Mas voltando a falar do time. Vejo um time muito consciencioso de seus limites. Não há nenhum astro na equipe. Há alguns jogadores que se destacam – como Diego Souza, Cleiton Xavier, Pierre, Pablo Armero – mas nenhum monstro consagrado... Opa, peraí! Temos, sim, um monstro consagrado. Temos São Marcos! Mas que palavras mais podem ser usadas para falar sobre o nosso santo milagreiro? Ah, meus amigos, como estou torcendo para ganharmos esta Libertadores! Ganhando, teremos que instituir o Dia do São Marcos! Teremos que levar ao Vaticano um dossiê para que Bento XVI canonize nosso Santo.

 

E voltando novamente – hoje estou prolixo – como eu dizia, não temos nenhum supercraque, mas temos uma gama de jogadores com qualidades complementares. Temos Pierre, o marcador e ladrão de bolas mais implacável do Brasil! Temos Cleiton Xavier, finalmente um homem da bola parada, um jogador que sabe deixar a bola no lugar desejado, como pode um time ser campeão sem opções de jogadas ensaiadas e bem executadas? Temos Diego Souza, que está jogando muito, que está combinando, como poucos jogadores, com a camisa alviverde. É que vão querer fazer dinheiro com ele, e ele também deve sonhar com uma carreira na Europa, mas penso que, se possível, a Diretoria deveria mantê-lo no elenco até o fim do contrato. E quando acabar, deveria renová-lo, temos que ter jogadores como Diego Souza no Palmeiras sempre! E o Ortigoza? Ele não tem medo de cara feia. Entra no jogo pegando fogo e não se intimida. E Pablo Armero? E Keirrison? E Willians?

 

E a nossa zaga? É uma zaga limitada, sem dúvida. Mas o trio Maurício Ramos, Danilo e Marcão está sabendo jogar bem nos momentos cruciais. O toque de bola refinado de Edmílson está fazendo falta? Iremos sempre lamentar a ausência da solidez e precisão de Henrique? Sim, sim e sim! Mas a nossa zaga está fazendo por merecer! Podemos depositar nossa confiança nela!

 

Confesso que quando o final da partida foi decretado e os pênaltis eram os que iriam definir quem passaria para a próxima fase, murchei um pouco. Sim, confesso, as minhas quase três décadas de idade têm me tornado um tanto pragmático. Levar os batimentos cardíacos às alturas para se frustrar no final? Mas como controlar essa ansiedade? Acompanhei a disputa dos pênaltis com o mesmo coração na boca como todas as vezes que acompanhei em minha vida. E quando o Mozart perdeu o primeiro pênalti?... Tinha até me esquecido que temos São Marcos! Como eu posso melhor descrever toda essa sensação? Não consigo, meus amigos, não consigo.

 

Não tenho dúvidas. Todos os próximos jogos serão difíceis. Um cada vez mais difícil que o anterior. Os embates contra o Nacional-URU serão piores que os do Sport. E se passarmos – ah, passaremos! – os jogos das semifinais serão muito mais difíceis. Mesmo que o adversário seja algum desses times sulamericanos sem tradição – mas será o Boca! será o Boca!

 

Paro por aqui. As coisas ainda não estão acontecendo e já está difícil conter a emoção. Falar da final, e uma possível final contra o São Paulo, está sendo demais para este coração. E olha que hoje eu sonhei que fazia um transplante. Vejam a bizarrice do sonho. Sonhei que fazia um transplante de coração. Puseram em mim o coração do Washington Coração Valente. E nele, o meu coração.

 

Sei lá o que isso deve significar!

 

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